A PÁSCOA E OS DONS ESPIRITUAIS
Texto Bíblico (Êxodo 35.30-35; 36.1)
Introdução
A instituição da Páscoa foi um evento marcante na
história do povo hebreu. Marcou o nascimento de uma nação com muitas
particularidades, em especial o fato de ser um povo que serve a um único Deus.
O texto de Êxodo 12.27 nos diz o que significa o
ritual da Páscoa: “É o sacrifício da Páscoa do Senhor, que passou por cima das casas dos filhos de Israel
no Egito, quando matou os egípcios e livrou as nossas casas”.
Muitas coisas aconteceram antes e depois do evento
da Páscoa (Páscoa significa passagem). Quando Moisés e Arão se apresentaram diante de Faraó
pela primeira vez disseram o seguinte: “Deixa
o meu povo ir, para que me celebre uma festa no deserto (Êx. 5.2)”,
e disseram também: “O Deus dos Hebreus
veio ao nosso encontro; portanto, deixe-nos ir caminho de três dias ao deserto
para que ofereçamos sacrifícios ao Senhor, nosso Deus, para evitar que Ele
venha sobre nós com peste ou com espada (Êx. 5.3)”.
Esses textos já transmitem a ideia de um Deus
alegre, que gosta de celebrações, mas por outro lado transmitem a ideia de um
Deus rigoroso.
O texto
Os hebreus trabalhavam em várias atividades na
sociedade egípcia. Cuidavam do gado, serviam no palácio, cultivavam a terra,
fabricavam tijolos, construíam edificações e muitas outras coisas. Com o tempo
esse povo adquiriu tamanha importância, fruto de habilidade e competência para o serviço, a ponto de se tornar imprescindível para a
manutenção da própria existência do Egito.
Quando essa gente sai rumo ao deserto, toda essa
habilidade e competência, agora devem ser canalizadas para o serviço do Senhor e
para a consolidação de uma nação.
O texto em questão (Êxodo 35.30-35) fala acerca de
Bezalel (Na Sombra de Deus) e Aoliabe (A Tenda de Meu Pai) onde Deus os encheu de
capacidade e habilidade para o serviço de ornamentação e para também ensinar outros. No capítulo 36.1 o texto nos
informa que havia mais pessoas a quem o Senhor havia dado habilidade e inteligência
para fazer atividades específicas. E tudo para a glória dEle.
A libertação da escravidão no Egito liberou homens
e mulheres para serem usados por Deus para os propósitos dEle, com a capacidade
que Ele concedeu à cada um.
Deus concedeu habilidade de liderança para uns (Êx.
18), outros são chamados para o sacerdócio (Êx. 28), setenta homens foram
chamados para liderar o povo junto com Moisés (Nm 11.16-30), outros foram
comissionados para empreender uma visita secreta à Canaã (Nm 13).
No Novo Testamento
Trazendo essas informações para os dias de Jesus,
mais especificamente para o momento da celebração da Pascoa junto com seus
discípulos, vemos que, conforme o texto de Lc 22.14 e 15, Jesus estava ansioso
para participar daquele momento com seus discípulos antes de sofrer. Jesus
sabia todo propósito que havia na sua vinda, permanência temporária, morte,
ressurreição e ascensão aos céus. Seu sofrimento e a sua morte faziam parte do
projeto de Deus para a libertação do povo da escravidão do pecado. Agora
livre, esse povo, pode servir ao Deus vivo!
Servir de qualquer jeito? Não! Do jeito que Deus deseja e
com as ferramentas que Ele concede.
Cristo ressuscitou e passado alguns
dias, em seu último encontro com seus discípulos, Ele ascendeu aos céus. Nos
capítulos 14, 15 e 16 do Evangelho de João, Jesus deixa claro que Ele precisava
ir, para que o Consolador fosse enviado, dessa forma, quando Jesus foi para Pai os discípulos foram para Jerusalém e
lá houve a descida do Espírito Santo.
O Espírito Santo veio não somente auxiliar e consolar, mas
também capacitar os santos para a obra que Deus tem preparado. O texto de Efésios 4.8 diz que: “Quando Ele subiu às alturas, levou cativo o
cativeiro e concedeu dons aos homens”.
Da mesma forma que o povo foi liberto da escravidão
do Egito e no deserto recebeu dons, habilidades para o serviço, Cristo nos
libertou do pecado para agora livres, recebermos dons e habilidades para o
serviço na igreja, no corpo, no reino. O texto de 1Coríntios 12.4-11 assevera que o
Espírito Santo é quem opera tudo em todos. O Espírito Santo é a força que põe o corpo em movimento.
Vivendo a realidade da igreja devemos entender que o dom que Ele concedeu ao nosso irmão foi escolhido especialmente para ele, já o dom que Deus me concedeu foi escolhido especialmente para mim.
"Certa vez, houve em uma carpintaria uma estranha
assembleia. As ferramentas reuniram-se para acertar as suas diferenças. O
martelo queria exercer a presidência, mas os demais o avisaram de que ele
deveria renunciar. A razão é que ele fazia muito barulho enquanto trabalhava,
além do fato que não sabia fazer o serviço sem dar golpes duros, quase
impossíveis de suportar. O martelo aceitou a crítica e sua culpa, mas exigiu
que também fosse expulso o parafuso, que dava muitas voltas para fazer coisas
simples. O parafuso concordou, mas, por sua vez, disse que a lixa também
deveria ser repreendida, por ser muito áspera no trato com os outros. Só
faltava esfolá-los vivos. A lixa acatou a imposição com a condição que se
excluísse também a trena, que sempre media os outros com medida que lhe
convinha, como se fosse a única perfeita.
Nesse momento, chegou o carpinteiro, que juntou
todo o material e suas ferramentas e começou a trabalhar. Cada instrumento foi
usado no seu devido tempo, e, depois de um breve período, um rústico pedaço de
madeira foi transformado num bonito móvel. Quando o carpinteiro foi embora para
descansar, a assembleia na carpintaria foi retomada. O serrote tomou a palavra
e disse: “Senhores, creio que ficou demonstrado que apesar de termos defeitos, mesmo
assim o carpinteiro ainda consegue trabalhar com as nossas qualidades. Assim,
não fiquemos nos atacando em nossos pontos fracos e concentremo-nos em nossos
pontos fortes”. As ferramentas chegaram então à conclusão de que o martelo era
forte, o parafuso unia e dava firmeza ao móvel, a lixa era essencial para o
acabamento tirando farpas e imperfeições da madeira, e a trena era precisa em
suas medições. Sentiram-se, assim, como uma equipe e começaram a se esforçar
para produzir móveis de qualidade, agradecendo pela alegria e oportunidade de
trabalhar juntos".
Algumas pessoas podem ter a natureza do martelo, ou
da lixa, ou do parafuso, da trena ou de qualquer outro instrumento, mas nada
disso é impedimento para o carpinteiro.
Conclusão
A Páscoa do antigo testamento e a Páscoa do novo testamento indicam uma mudança em nossa vida: uma mudança da escravidão para a liberdade e da escravidão do trabalho para a alegria do serviço. Portanto celebre a Deus com a alegria da libertação que lhe
foi outorgada. Viva de acordo com a sua vocação.
Deus te abençoe!
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Referências bibliográficas:
1 – Bíblia Sagrada, tradução Almeida Revista e Atualizada. Sociedade
Bíblica do Brasil.
2 – Dicionário da Bíblia Almeida. 1 ed. Barueri: SBB, 1999.
2 – BUCKLAND, M. A. Dicionário Bíblico Universal. 1 ed. 15º reimpressão.
São Paulo: Vida, 1999.
3 – FRAIHA, Demétrio. Dicionário da Bíblia. 6 ed. Campinas: AME, 1997.
4 – KRAFT, Ernesto. Heróis da Fé. 1 ed. Porto Alegre: Chamada, 2017.