sexta-feira, 25 de junho de 2021

O CHAMADO MISSIONÁRIO (MINISTERIAL)



Todos nós fazemos planos e quase sempre projetamos o melhor futuro possível a que possamos nos proporcionar. Geralmente nesses planos incluímos bens materiais, sucesso profissional, relacionamentos perfeitos, sucesso ministerial, etc. Para transmitir uma ideia de humildade, dizemos que: “se Deus permitir e nos abençoar, alcançaremos os nossos sonhos”. Ou quando as coisas não acontecem na velocidade que gostaríamos, tentamos espiritualizar a nossa ansiedade dizendo: “A bênção do Senhor está a caminho”!

A indagação que devemos fazer é se de fato o que sonhamos e planejamos trará benefícios para o Reino de Deus.  Sendo mais específico, o que sonhamos e planejamos terá como resultado a glória de Deus? E por fim, o que é a glória de Deus?

            A glória é a qualidade essencial do caráter de Deus (Sl 63.2). Sua glória é o seu valor, sua dignidade. Tudo que há nEle comprova ser Ele digno de receber louvor, honra e respeito. Fomos criados para a glória de Deus (Is 63.7; Ef 2.10). Quando as pessoas entendessem o porquê foram criadas, deveriam compreender que Deus espera ser glorificado, exaltado e honrado por elas. O pecado deturpou esse entendimento e agora o ser humano passou a adorar as coisas criadas (Rm 1.21-25).

            A realidade é que, a despeito de tudo isso, Deus não mudou o propósito da existência do ser humano, continuamos a existir para glorifica-lo. Quando espalhamos as boas novas pelo mundo, cumprimos o desejo supremo de Deus de ser tornado conhecido e consequentemente louvado, exaltado e glorificado (Sl 96). Surgem, pois, agora as perguntas: Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? Como crerão naquele de quem não ouviram? Como ouvirão se não há quem pregue? Como pregarão se não forem enviados? (Rm 10.14-15a). A resposta à série de perguntas está registrada nas Escrituras de maneira impar: “Depois disto, ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Eu respondi: Eis-me aqui, envia-me a mim!” (Is 6.8)

Essa experiência pessoal vivida pelo profeta marcou intensamente a sua vida e da mesma forma a experiência do chamado causa uma marca invisível no coração daqueles que foram comissionados. A pessoa vocacionada não consegue nunca esquecer-se do fato de que foi chamada. No sentido espiritual, sua alma está marcada para sempre e de maneira especial. Aquele que chama, ou seja, o próprio Deus, transmite uma convocação clara, que só pode ser ouvida por quem está sendo chamado. É uma senha de Wi-fi que só quem chama e quem é chamado tem acesso.

Deus envia os seus servos, que ouviram o seu chamado, para os lugares onde mais precisam de Sua presença. Ele pode enviá-los para lugares com decadência urbana, violência social, idolatria generalizada, conflitos bélicos, racismo, etc. Nesses lugares provavelmente as pessoas são brutas, avarentas, exploradoras, indiferentes, mas Deus sabe que o vazio de suas almas precisa ser preenchido pela Sua presença e somente os seus embaixadores podem mostrar isso a elas.

Todo esse movimento nos causa frustração porque projetamos muitas coisas para a nossa própria glória e quando Deus mexe em nossos planos, ficamos desnorteados procurando respostas sem saber quais são as perguntas corretas a serem feitas. Na verdade Deus quer falar conosco através desse movimento. Como líderes, às vezes travamos o andamento de certas coisas por causa de paradigmas que nos mantem acorrentados ao nosso status quo (zona de conforto). O profeta Jonas foi enviado para onde ele não desejava nem pisar os pés e sua fuga não mudou o plano de Deus que foi rigorosamente cumprido! Se ele tivesse atendido prontamente o chamado de Deus, o custo financeiro e emocional teria sido mínimo.

O profeta Amós nos trás muitos ensinamentos sobre o chamado e o cumprir o propósito de Deus.

Amós não era teólogo nem fazia parte de algum clã de profetas, foi chamado em Judá, ao sul, para pregar o arrependimento no reino de Israel, ao norte. O idioma, os costumes e os hábitos alimentares eram praticamente os mesmos em ambos os reinos, não havia grandes barreiras culturais. Ele viveu nos dias de Uzias, rei de Judá, e nos dias de Jeroboão, rei de Israel. Era um tempo de paz e prosperidade, mas a degradação moral e espiritual era latente tanto em Judá, quanto em Israel.

O profeta, no desempenho do seu ministério, foi acusado pelo sacerdote Amazias de conspirar contra o rei (Am 7.10-11) e de ser um mercenário de Deus (Am 7.12-13). Ele se defendeu afirmando que era um agropecuarista bem sucedido, mas que Deus o havia dado algo muito específico para fazer (Am 7.15). Infelizmente às vezes agimos como Amazias, rotulamos os outros com base em nossos valores religiosos difusos que podem sufocar ou desencorajar àqueles a quem Deus está chamando para a obra. Pedimos para que sejam enviados trabalhadores para a seara e quando eles se apresentam não sabemos muito bem como orientá-los para o desempenho do serviço. No entanto, a Bíblia orienta claramente que os líderes devem preparar os santos para a obra do ministério (Ef 4.11-12), isso implica que os líderes devem estar preparados para orientar o povo para que o corpo seja edificado.

            O campo missionário é dinâmico e a missão precisa ser dinâmica também. Servos dinâmicos e não estáticos são necessários para atenderem à dinâmica da missão. Deus pode estar direcionando alguns para o oriente, outros para o ocidente, uns para o norte e outros tantos para o sul, mas só é possível saber para onde se deve ir se primeiro houver a certeza de onde se está. Isso não vale somente para a questão geográfica mas também para a questão espiritual. Quanto mais intimidade com Deus através da leitura da Palavra, da oração, mais especificamente da intercessão, será mais fácil ouvir a sua voz e saber para onde ir.

Onde se está hoje é o lugar ideal onde se deve crescer, florescer e dar frutos. Onde se estará amanhã, será o lugar correto para crescer, florescer e dar frutos.

            Se você tem entendido que o Deus da missão tem uma missão específica para você, dobre os joelhos em oração, peça orientação para o seu líder, pastor ou mentor e caminhem juntos. Seja uma pessoa ensinável e se submeta às disciplinas espirituais. Busque na Palavra de Deus o fundamento para essa missão e tenha a certeza que o nosso Deus não é deus de confusão. Se Ele dá uma visão, Ele irá prover os recursos necessários.

            Líder, se alguma pessoa lhe procurar dizendo que Deus tem uma missão específica para ela, dobre os joelhos em oração e peça orientação a Deus. Caminhe com essa pessoa, entenda sua vida, seus valores, sua jornada cristã e forneça os elementos necessários para que ela desempenhe o ministério com excelência. Talvez essa pessoa entenda de Deus que precise ir ao longe, ao campo mundial. Quem sabe essa pessoa entenda que deva servir no local onde está inserida, servindo em algum ministério específico. Ou quem sabe ainda, tal pessoa entenda que deva desenvolver algo diferente, original. Identifique os seus dons e habilidades, oriente, encoraje e sirva. Nunca ignore o fato de que há uma guerra espiritual em curso e Satanás tentará de todas as formas atrapalhar a orientação divina.

            Somos vocacionados, chamados a ministrar, servir e desenvolver vocacionados que estarão ministrando a mensagem da glória de Deus a essa e a próxima geração. A missão é de todos nós e não há plano B. Deus conta conosco e o que nos motiva e alegra é saber que Ele estará ao nosso lado até o fim dos tempos!


Pr Wéllington Nunes de Trindade

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Referências Bibliográficas:

  • London Jr, H.B; Wiseman, Neil B. Despertando para um Grande Ministério. 1 ed. São Paulo: Mundo Cristão, 1996.
  • Shedd, Russel P. Fundamentos Bíblicos da Evangelização. 1 ed. São Paulo: Vida Nova, 1996.
  • Bittencourt, Ebenézer. Qual o Tamanho dos Seus Sonhos? 3 ed. Santa Bárbara d’Oeste: SOCEP, 2005.
  • Nascimento (org.), Analzira. Todos Somos Vocacionados. 1 ed. Viçosa: Ultimato, 2019.